terça-feira, 10 de julho de 2012

DIF - Música com Consciência Colectiva

Música com Consciência Colectiva Olhamos para a capa do novo álbum dos Corsage e vemos um colete-de-forças com a bandeira nacional. O nome do disco não deixa de ser menos impactante: “Música Bipolar Portuguesa”. Pelas letras das novas canções mantém-se a atitude interventiva. A resposta de Henrique Amoroso, vocalista do grupo, não deixa margem para dúvidas: “Decidimos recuperar o colete-de-forças, instrumento que não é usado em Portugal há mais de 50 anos, e aplicálo naquilo a que pensamos e sentimos ser o sentimento geral dos portugueses, ou seja de clausura, de injustiça, da privação de liberdade dos castelos de areia pantanosos de democracias que nunca o foram. O colete-de-forças é também uma metáfora para a responsabilização dos criminosos que conduziram o País a este buraco, inviabilizada pelas lacunas nada inocentes na nossa constituição”. Canções como “Adeus Europa”, o mais recente single do grupo, ou “Dança do Não-Cumprimento” revelam essa perspectiva interventiva que os Corsage querem ver marcada na sua música. E, apesar de Henrique Amoroso confessar que odeia “teorizar” sobre a mensagem das letras, ainda assim não deixa de afirmar que o álbum “Música Bipolar Portuguesa” “é um disco com imensas referências específicas a cidades, situações e conceitos particulares da nossa cultura. É um dos pontos fortes do disco. Há uma consciência colectiva presente em todos os temas, cuja força acreditamos ser o alicerce primordial para toda e qualquer mudança”. O álbum foi escrito e gravado entre os meses de Maio e Julho do ano passado e, para o vocalista, nesse momento “foi impossível ficar indiferente às mudanças drásticas que estavam prestes a ser espoletadas”. A ambição de “resumir numa só frase o sentimento geral de uma nação” deu assim origem a este “Música Bipolar Portuguesa”, cujo título não é uma crítica à produção musical nacional, como explica Henrique Amoroso: “O título prende-se precisamente com viver os tempos que correm sem padecer, sem perder o maior tesouro, que são o amor e alegria. Poderiam até tirar-nos tudo, mas isso não. Uma boa forma de contrariar a crise é bombardear alguém com um sorriso ou com uma gargalhada”. Este novo álbum traz ainda uma outra mudança para os Corsage. O inglês foi substituído pelas letras em português: “Confesso que foi um processo em que eu fui o meu pior inimigo. Na altura, a Sanja Chakarun tinha deixado a banda e a necessidade de cantar em inglês parece ter ido com ela de volta para a Eslovénia. Na altura escrevi umas canções em nome próprio e esse entusiasmo foi comigo para os Corsage. Acontece que, durante as gravações e, à medida que as letras iam surgindo, eu era o mais cruel dos críticos. Nunca estavam como eu queria”. No entanto, no final tudo acabou por fazer sentido e “o medo desapareceu”. “Música Bipolar Portuguesa” estará no centro das atenções durante os próximos tempos para os Corsage, que revelam mesmo umas das ambições para o futuro: “Representar Portugal na Eurovisão com o tema “Adeus Europa”. TexTo JOÃO MOÇO FoTo RITA CARMO

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