segunda-feira, 23 de julho de 2012

Entrevista Curto Circuito

Le Cool - Entrevista

Le Entrevista a Corsage por João Freire O vosso trabalho, Música Bipolar Portuguesa, pretende ser exatamente o quê enquanto instrumento de comunicação? O nosso último trabalho, "Música Bipolar Portuguesa", pretende ser, enquanto instrumento de comunicação, um passo qualitativo e quantitativo na carreira da banda, chegar a um novo público, cimentar um lugar privilegiado enquanto música pop de recortes clássicos, no que toca a estruturas simples, de conteúdo complexo, e acima de tudo, ser o mais transparente possível em relação à nossa forma de sentir e de estar perante a música. Fizémos o que queríamos e vamos fazer mais. Sentem que o nosso país está preparado para tanta banda nova (e velha que apenas agora se está a dar a conhecer) que tem surgido nos últimos tempos? Ou com o tempo naturalmente vai ser feita uma triagem e certas bandas que até têm muito hype agora, podem "desaparecer"? Em relação ao País estar preparado para o volume de bandas e artistas, sinceramente, este País, para mim, tem umas dimensões demasiado estranhas para poder responder a essa questão. Às vezes tem duas, outras cinco, outras simplesmente três. É um aquário pequeno, só cabe algum peixe. Por isso sai mais barato comer carne. Acredito que algum dia virá o Canibalismo, instituído desde a Primária. Sempre é melhor do que ensinarem os filhos a ligar os quatro piscas e ultrapassarem pela berma. Ontem fui jantar com uma amiga a Lisboa, já não ia à Capital há uns tempos, e vi uns tipos a filmar no Camões, barbicha Agá Éme, falavam mais alto que crianças de 5 anos, ok "já fomos vistos", e eis que um deles começou a divertir os outros imitando uma pessoa com deficiência, com um tremor forçado na perna direita enquanto atravessava de cá para lá nos semáforos. Deplorável. Andam os Paizinhos a pagar para isto. Não me entendas mal, não sou nenhum santo. Faço merda a toda a hora. Mas isto… olha… é a letra do "Nietzche Sushi Fashion Victim"… A produção nacional está mais viva que nunca. Saem discos bestiais toda a semana. Agora só nos falta gostar da nossa galinha e criá-la ao ar livre, longe dos "Nitro Fulanos". As vossas influências podem ser claras. Algumas pelo menos. Tentam manter as raízes bem despertas ou procuram sempre um rompimento com o que já foi feito e como as coisas são feitas na generalidade? As nossas influências são claras, ou quase. A maior parte de nós já gravou mais discos, pertenceu a outras bandas, ouviu muita coisa e muita gente até chegar a "MBP", e isso é saudável, obviamente. Não sentimos que pilhámos ninguém, ou que fomos atrás do corte de cabelo hipster. Sentimos que esta era a direção certa para nós. Adicionámos mais eletrónica, talvez, mais kraut, mais pistas, delays, mais identidade nas letras, mais parede no som, mais intencionalidade, mais qualquer coisa que nunca tínhamos feito antes. O vosso single anda a rodar sem parar nas rádios, têm tirado partido desse tempo de antena? Contem-me o que têm andado a fazer na divulgação do vosso trabalho. Temos tirado partido do airplay na Rádio. O single "Adeus Europa" tem passado. Também tem presente, e quem sabe, terá futuro. As pessoas que nos têm acompanhado nos concertos têm acarinhado a banda, os blogs também, [há uns dias] passámos na Rádio "Breakthru" em Nova Iorque. Temos participado em bastantes entrevistas para TV, Rádio e para Imprensa escrita e on-line. Vamos lançar o nosso segundo single em setembro, e ter datas marcadas pelo País. Queremos representar Portugal na Eurovisão com o "Adeus Europa".

terça-feira, 10 de julho de 2012

DIF - Música com Consciência Colectiva

Música com Consciência Colectiva Olhamos para a capa do novo álbum dos Corsage e vemos um colete-de-forças com a bandeira nacional. O nome do disco não deixa de ser menos impactante: “Música Bipolar Portuguesa”. Pelas letras das novas canções mantém-se a atitude interventiva. A resposta de Henrique Amoroso, vocalista do grupo, não deixa margem para dúvidas: “Decidimos recuperar o colete-de-forças, instrumento que não é usado em Portugal há mais de 50 anos, e aplicálo naquilo a que pensamos e sentimos ser o sentimento geral dos portugueses, ou seja de clausura, de injustiça, da privação de liberdade dos castelos de areia pantanosos de democracias que nunca o foram. O colete-de-forças é também uma metáfora para a responsabilização dos criminosos que conduziram o País a este buraco, inviabilizada pelas lacunas nada inocentes na nossa constituição”. Canções como “Adeus Europa”, o mais recente single do grupo, ou “Dança do Não-Cumprimento” revelam essa perspectiva interventiva que os Corsage querem ver marcada na sua música. E, apesar de Henrique Amoroso confessar que odeia “teorizar” sobre a mensagem das letras, ainda assim não deixa de afirmar que o álbum “Música Bipolar Portuguesa” “é um disco com imensas referências específicas a cidades, situações e conceitos particulares da nossa cultura. É um dos pontos fortes do disco. Há uma consciência colectiva presente em todos os temas, cuja força acreditamos ser o alicerce primordial para toda e qualquer mudança”. O álbum foi escrito e gravado entre os meses de Maio e Julho do ano passado e, para o vocalista, nesse momento “foi impossível ficar indiferente às mudanças drásticas que estavam prestes a ser espoletadas”. A ambição de “resumir numa só frase o sentimento geral de uma nação” deu assim origem a este “Música Bipolar Portuguesa”, cujo título não é uma crítica à produção musical nacional, como explica Henrique Amoroso: “O título prende-se precisamente com viver os tempos que correm sem padecer, sem perder o maior tesouro, que são o amor e alegria. Poderiam até tirar-nos tudo, mas isso não. Uma boa forma de contrariar a crise é bombardear alguém com um sorriso ou com uma gargalhada”. Este novo álbum traz ainda uma outra mudança para os Corsage. O inglês foi substituído pelas letras em português: “Confesso que foi um processo em que eu fui o meu pior inimigo. Na altura, a Sanja Chakarun tinha deixado a banda e a necessidade de cantar em inglês parece ter ido com ela de volta para a Eslovénia. Na altura escrevi umas canções em nome próprio e esse entusiasmo foi comigo para os Corsage. Acontece que, durante as gravações e, à medida que as letras iam surgindo, eu era o mais cruel dos críticos. Nunca estavam como eu queria”. No entanto, no final tudo acabou por fazer sentido e “o medo desapareceu”. “Música Bipolar Portuguesa” estará no centro das atenções durante os próximos tempos para os Corsage, que revelam mesmo umas das ambições para o futuro: “Representar Portugal na Eurovisão com o tema “Adeus Europa”. TexTo JOÃO MOÇO FoTo RITA CARMO